domingo, 4 de setembro de 2011

A Encarnação do Verbo, Parte III

6. O LOGOS SE TORNOU CARNE

É interessante observarmos que "... de todas as palavras que expressam a natureza humana, João selecionou as mais vis e as mais desprezíveis, isto é, a carne, vocábulo esse que, no VT, denota a porção mais inferior, perecedora, corruptível do homem; porém, nem mesmo o Logos des¬prezou a carne e por isso mesmo Ele se tornou homem no sentido mais absoluto do termo..." . Por outro lado, a expressão "carne pecaminosa" serve para enfatizar este particular, pois Cristo não pecou, e no entanto tomou sobre Si aquela natureza humana que se deixara envolver em demasia no princípio do mal, e por este motivo ficara debilitada, com o propósito de que através de Sua Encarnação fosse essa natureza elevada até os lugares celestiais.


7. A CONFISSÃO DA ENCARNAÇÃO

"Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus." (1Jo 4:2).
Alguns estudiosos reputam este texto como uma forma generalizada para testar todos os casos de falsos profetas. Outros, atribuem a esse versículo inúmeras outras interpretações. Mas, seguramente, o que está mais envolvido neste texto é a questão do docetismo.
O gnosticismo acreditava ser impossível a "encarnação" do "Logos", que para eles nada mais era do que uma elevadíssima emanação de Deus, ou até mesmo um "aeon" qualquer. Como para eles, a matéria era o princípio mesmo do mal, seria impossível uma emanação de santidade que se encarnasse realmente, pois isto seria simplesmente irracional ou mesmo impossível. Assim, não criam que "Jesus" e o "Cristo" fossem a mesma pessoa. Antes, segundo eles, um "aeon" ter-se-ia apossado do corpo de Jesus de Nazaré, quando de Seu batismo, tendo-O abandonado na crucificação, conforme já tivemos a oportunidade de abordar anteriormente.
Portanto, para os docéticos, o "Espírito-Cristo" teria de homem apenas e unicamente a "aparência". Por conseguinte, se possuía apenas aparência de homem, não poderia ter sofrido, pois uma "aparência" não pode sofrer, e, muito menos, morrer.
Estas afirmativas gnóstico-docéticas possuem um alcance por demais abrangente. Ora, afirmar-se que o Senhor Jesus apenas parecia homem, e que, por conseguinte, não poderia sofrer ou mesmo morrer, é simplesmente anular o valor expiatório de Seu sacrifício. Se de fato Ele não fosse homem, nenhuma validade haveria em Seu sacrifício. Por este motivo, o mesmo apóstolo João enfatiza em sua primeira epístola: "Este é Aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só pela água, mas pela água e pelo sangue." (1Jo 5:6).

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