sexta-feira, 22 de julho de 2011

Breve História do Município de Chalé

BREVE HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE CHALÉ

INTRODUÇÃO

Infelizmente não se dispõe de informes históricos suficientes para o resgate de uma história precisa do Município de Chalé. Os poucos subsídios ao alcance do interessado podem ser obtidos de forma esparsa e assistemática na rede mundial de computadores e, sobretudo, numa obra independente produzida pela Professora Alzira Soares de Assis, descendente de uma das famílias pioneiras na colonização do município, produzido alguns anos antes de seu falecimento, ocorrido em 1995. Não obstante, alguns informes podem ser coletados no sítio oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
Entretanto, mesmo diante dessas dificuldades e baseados, em especial, no trabalho independente da Professora Alzira Soares de Assis e nos informes do IBGE, apresentamos esta breve resenha que pretende resgatar a história do município de Chalé das brumas do esquecimento e da turvação dos informes contraditórios.


ORIGENS

Ao que tudo indica, a história da povoação e da colonização do município de Chalé tem seu início nos fins do século XIX, com o enfraquecimento da chamada "febre do ouro". A partir dessa nova realidade no panorama brasileiro, começa-se a verificar um novo fenômeno: o início de buscas de terras férteis e pastagens naturais. Assim, as fazendas e os povoados surgidos na rota dos mineradores passam a constituir-se em centros dedicados à agricultura e à pecuária, que agora começam a receber seus novos moradores.
Desta forma, descendo a região do Pico do Itacolomi, localizado no então distrito de Ribeirão do Carmo (futuro município de Mariana, nas Minas Gerais), pelo leito do Ribeirão do Carmo, chegava-se onde hoje está Ponte Nova. Do outro lado do Ribeirão do Carmo, dirigindo-se para nordeste estava o então “Distrito de São Lourenço do Manhuassu”, criado pela Lei Estadual 2165 de 20 de novembro de 1875. Em 05 de novembro de 1877, por força da Lei Provincial 2407, o distrito de São Lourenço do Manhuassu é elevado à categoria de Vila e recebe a denominação de “São Simão”, desmembrando-se de Ponte Nova. Nessa ocasião, São Simão recebe, como parte de seu território, um pequeno povoado então denominado "São Domingos do Rio José Pedro", o futuro município de Chalé.
Os albores do século XX assistem a muitas mudanças político-administrativas, a partir das quais alterações substanciais são efetivadas. Uma dessas mudanças de grande significado para a história do município de Chalé foi a elevação à categoria de Vila, com a denominação de "Rio José Pedro" do então distrito de “Santo Antonio do Rio José Pedro”, o futuro município de Ipanema. Assim, encontra-se nos anais do IBGE, que por força da Lei Estadual 556, de 30 de agosto de 1911, o recém criado município de Rio José Pedro tem sete distritos, dentre os quais, o de "São Domingos do Rio José Pedro", criado, como os demais, pela mesma lei de criação do município.
No entanto, um fato relevante precisa ser levado em conta. Nos acervos do IBGE consta, no arquivo referente à história do município de Iúna, que por força do Decreto Provincial nº 10, de 14 de julho de 1859, foi criada uma freguesia com a denominação de “Rio Pardo”, subordinado ao município de Cachoeiro de Itapemirim. Por Decreto Estadual, datado de 24 de outubro de 1890, é desmembrado de Cachoeiro de Itapemirim, sendo que, em divisão administrativa do Estado do Espírito Santo, datada de 1911, consta que o município de Rio Pardo era constituído de sete distritos: Rio Pardo, Bom Jesus, Cachoeira, Santana, São Manoel do Mutum, São Sebastião do Ocidente e Chalé. Em 1914 os distritos de São Manoel do Mutum, São Sebastião do Ocidente e Bom Jardim são desmembrados para formar o novo município de São Manoel do Mutum do Estado de Minas Gerais, mas nada é informado sobre o distrito de "Chalé".
Não obstante, o então distrito de “Chalé” (designação adotada na estrutura administrativa do Estado do Espírito Santo) ou “São Domingos do Rio José Pedro” (designação adotada pelo Estado de Minas Gerais) foi transferido do município de Manhuassú para o município de Ipanema, por força da Lei Estadual 665, de 23 de agosto de 1916.
Nas brumas do esquecimento e na ofuscação da história não-contada, tem-se a informação de que, em 1915, o distrito de Chalé (ou mais precisamente Chalet), já havia recebido a designação de São Sebastião da Varginha. Segundo personalidades que viveram na primeira metade do século XX e foram contemporâneos de muitos dos pioneiros, chegou a existir um Cartório na localidade denominada “Varginha”, ficando claro que existe alguma confusão nessa designação.
Em 19 de outubro de 1929, pela Lei Estadual 1128, o distrito de São Domingos do Rio José Pedro tomou oficialmente o nome de Chalé.
No ano de 1933, em divisão administrativa, o distrito de Chalé figura no município de Ipanema.
Entretanto, por motivos não muito bem esclarecidos historicamente, o Dec. Lei Estadual 148, de 17 de dezembro de 1938 transfere o distrito de Chalé do município de Ipanema para o recém-criado município de Lajinha.
Depois de décadas de sofrimento e injustiças, o então distrito de Chalé, por força da Lei Estadual 2764 foi elevado à categoria de município, com a designação de Chalé. Nessa ocasião, o recém-criado município era composto dos distritos de Chalé e Professor Sperber (amplamente conhecido como "Bananal"). O novo município foi assim instalado em 01 de março de 1963, data reconhecida como "aniversário da cidade".


FUNDADORES

Segundo se pode ver, no ano de 1881, as terras que mais tarde constituiriam o município de Chalé, receberam seus primeiros habitantes: Manoel Ferreira Brandão, Cel. José Maria Gomes e Manoel de Aquino Xavier e suas respectivas famílias. Um outro nome acrescentado a essa pequena lista é o de Cloutilde Maria de Oliveira, embora haja incertezas acerca de tal inclusão.
Em chegando à região, esses homens, demonstrando uma visão além de sua época, cheios de coragem, determinação e entusiasmo, encontraram uma casa em estilo "chalé", que, segundo consta, fora construída pela Companhia Falcão naquele mesmo ano de 1881, para servir de abrigo, escritório, e para se esconderem de animais selvagens. Segundo consta, a Companhia Falcão era chefiada por José Pedro de Alcântara, o primeiro "branco" a chegar nessas terras dos índios Aimorés.
José Pedro possuía o costume de deixar escrito, sempre à margem direita dos rios por onde descia: "Por aqui passou José Pedro", até chegar à atual Ipanema, onde teria talhado, numa enorme figueira, "Até aqui chegou José Pedro". Outra versão dá conta de José Pedro, subindo o Rio Doce, resolveu explorar o Rio Manhuaçu e após abandoná-lo, penetrou num rio desconhecido, que mais tarde levaria seu nome, subindo-o entre as montanhas até Pequiá, no Espírito Santo, no sopé da Serra do Caparão, nas imediações do Pico da Bandeira. Lá chegando, José Pedro teria cravado no tronco de uma árvore milenar a inscrição que se tornou célebre: "Até aqui chegou José Pedro".
O certo é que moradores mais antigos de Chalé descrevem que, à margem direita do Rio São Domingos, nas proximidades da atual Praça Francisco Ferreira Brandão, numa velha figueira localizada à margem direita do Rio São Domingos, próxima à antiga ponte que lá existia, havia entalhada a célebre frase "Por aqui passou José Pedro".
A tradição histórica dá conta de que podem ser ainda considerados fundadores do município de Chalé os pioneiros João Ambrósio Ribeiro e Manoel Ferreira Brandão.


HISTÓRICO

A região que hodiernamente é denominada Vertente Ocidental do Caparaó, na qual está incrustado o município de Chalé, teve seu desbravamento pelo homem branco, geralmente, oriundo do litoral. Partes da região eram habitadas por aborígenes dispersos pelos colonizadores em jornadas encetadas durante o correr dos séculos XVIII e XIX. Relativamente ao território chaleense, apenas por volta de 1891, começava a ser habitado, quando as famílias de João Ambrósio Ribeiro, José Ambrósio Ribeiro e Manoel Ferreira Brandão, aportaram ao local, fundando um aglomerado com o nome de São Domingos, às margens do rio da mesma denominação.
A ocupação e o povoamento do território municipal aconteceram com a vinda de novos agricultores uma vez que a fertilidade do solo, propício à implantação de lavouras e pastoreio do gado, abria oportunidade àqueles que se dedicassem a trabalhar a terra. Ligadas aos fundadores, as famílias dos gêmeos Manoel e Antônio Felisberto Pereira Alvim, José Maria Gomes Júnior, Cel. Francisco Januário Gomes e Manoel de Aquino Xavier, todo a agricultores, deram seqüência ao progresso do lugar.
É ponto pacífico entre os pesquisadores que o topônimo, Chalé, originou-se da primeira moradia permanente construída na localidade que era um “chalé”, de estilo suiço, próximo à margem do Rio São Domingos, junto à foz do Córrego da Turma.


LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

O município de Chalé fica situado na chamada região contestada pelos litígios fronteiros entre Minas e o Espírito Santo, na Zona da Mata de Minas Gerais, nos limites com a região do Rio Doce. Pertence Bacia do Rio Doce, através dos rios São Domingos e José Pedro, afluentes do Rio Manhuaçu. Localizado na vertente ocidental do maciço do Caparão, tem território acidentado, com aproximadamente 189km2 , com a cidade numa depressão a 280m de altitude, clima de verões quentes, nas coordenadas de 20 02’ 42” de Latitude Sul 41 41’ 42” de Longitude Oeste.
Dista 346 km da capital, Belo Horizonte, com ligação asfáltica com a BR-262, tendo como municípios limítrofes Conceição de Ipanema, Mutum, Lajinha, Durandé e São José do Mantimento.
A flora nativa é a das florestas do Rio Doce, com perobas, jequitibás, angicos, garapas e sucupiras, acácias e plantas ornamentais. A fauna tem pacas, capivaras, raposas, onças, tatus, aves e pássaros diversos.
Entre as riquezas minerais que a região possui, pesquisas recentes revelaram no subsolo indícios de níquel, amianto e enxofre, ainda inexplorados. Em anos recentes, empresas de mineração oriundas do Estado do Espírito Santo exploraram rochas de diodorito no córrego de Água Limpa, sendo os blocos extraídos transportados para São Paulo e transformados em fino material para revestimento de pisos e sepulturas, utilizado no Brasil e exportado para a Itália, onde se tornou conhecido o “Granito Chalé”.
A cultura do município possui um traço marcante nos trabalhos artesanais. Os trabalhos em crochê, tricô e marcas por sua beleza e originalidade são conhecidos e admirados em várias cidades do país, tais como: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Governador Valadares, dentre inúmeras outras.
A pintura em tela revela a sensibilidade dos artistas plásticos de Chalé, bem como os trabalhos em cerâmica, vidro e taco. Faltam ainda incentivos e programas que visem tornar conhecida a enorme riqueza da cultura desse simpático, acolhedor e ímpar município dos Minas Gerais.


DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO

Segundo os dados oficiais do Censo Demográfico do IBGE de 2007, a população total do município de Chalé era de 5.465 habitantes.
A área total do município é de 212,51 km², representando 0.0362% do Estado de Minas Gerais, 0.023% da Região e 0.0025% de todo o território brasileiro. A sede do município está localizada a 370 metros acima do nível do mar.
Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0.72 segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD (2000).


BIBLIOGRAFIA

ASSIS, Professora Alzira Soares de. História de Chalé. Produção Independente. Chalé, 1994.
http://www.chale.mg.gov.br/

Um comentário:

Xavier disse...

Clotildes Maria Oliveira esposa de Manoel de Aquino Xavier