quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Lição 02 - PAULO E TIMÓTEO, SERVOS DE JESUS CRISTO

LIÇÃO 02 – PAULO E TIMÓTEO, SERVOS DE JESUS CRISTO

 

INTRODUÇÃO

Hoje, estudaremos os vv. 1 e 2 do primeiro capítulo da Carta aos Filipenses. Ainda que os presentes vv, sejam, apenas, o endereçamento e a saudação da Carta, com certeza serão momentos proveitosos e edificantes.

 

1. PAULO E TIMÓTEO, SERVOS DE JESUS CRISTO

Muitos elementos são comuns nas introduções das epístolas paulinas. Mas aqui temos aqui a inclusão de dois nomes, do próprio Paulo e de Timóteo como servos (gr. δοῦλοι doûloi). Paulo não escreve aos crentes em Filipos de sua posição de apóstolo, mas de sua posição ao lado deles, em jugo com eles no serviço ao Senhor. Importante observar que nas outras epístolas escritas na prisão (Efésios, Colossenses e Filemom), Paulo se considera um apóstolo. Aqui, ele começa intitulando a si mesmo e a Timóteo de servos. Esse título confirma Timóteo (Fp 2:19-23), Epafrodito (Fp 2:25-30) e Paulo (Fp 3:7-9) como indivíduos que demonstram a mesma atitude de um servo de Cristo (Fp 2:5-8), o que serve para demonstrar que a verdadeira liderança no Corpo de Cristo é uma questão funcional e não de honraria, pois todos somos, e devemos ser, servos de Cristo!

A inclusão do nome de Timóteo aqui também merece análise. Seu nome é associado ao de Paulo aqui, na segunda epistola aos Coríntios e nas duas epistolas aos Tessalonicenses. Timóteo ajudou o apóstolo na fundação da Igreja de Filipos (cf. At 16:1,13 e 17:14). Duas visitas de Timóteo a Filipos são registradas, em At 19:22 e 20:3,4. Por esta altura dos acontecimentos, Timóteo estava se preparando para fazer sua terceira visita ali (cf. Fp 2:19). Sua única participação nesta Epístola aparece na introdução e na saudação, e também em Fp 2:19. É possível que Timóteo tenha sido o amanuense de Paulo nesta Epístola, como também seu portador, embora a maioria dos eruditos atribua essas funções a Epafrodito (cf. Fp 4:18). Parece que nesse tempo Lucas se encontrava em companhia de Paulo (cf. Cl 4:14), não sabendo nós por qual motivo ele não é mencionado aqui. É possível que quando esta Epístola foi escrita, ele já houvesse deixado a localidade. Lucas também estivera associado a Paulo em Filipos. Naturalmente, se a presente Epístola foi escrita em uma prisão diferente, em uma outra cidade, diferente daquela prisão e cidade associadas a escrita da Epístola aos Colossenses, então Lucas não estaria mais em companhia de Paulo.

Outra expressão de destaque é o adjetivo santos (gr. ἁγίοις hagíois), indicando aqueles que são separados para Deus e refere-se a todos os cristãos em Filipos. Trata-se não apenas de mera formalidade vocativa, mas de característica essencial, pois é exatamente assim que Deus nos vê, santos!

Temos, ainda, a palavra bispos (gr. ἐπισκόποις episkópois, verbete que remete àqueles que cuidavam do bem-estar espiritual da Igreja local ou de um grupo de Igrejas locais), possível sinônimo de anciãos e presbíteros em outras passagens, (At 20:17 e Tt 1:5,7, respectivamente). Eram os principais administradores da Igreja. Por derradeiro, encontramos o vocábulo διακόνοις diakónois, diáconos) que alude aos que serviam à congregação em funções especiais no culto. Eram responsáveis por tratar das questões materiais da Igreja (At 6:1-7). A menção desses dois grupos sugere que a Igreja de Filipos havia crescido consideravelmente desde a primeira visita de Paulo (At 16:12-34), ocasião em que a Igreja foi fundada.

 

2. SOMENTE PASTORES E DIÁCONOS?

Embora este não seja o grande tema da Carta aos Filipenses, cremos ser este o momento oportuno para enfatizar que o NT não se ocupa em descrever de forma detalhada as peculiaridades das funções eclesiais desenvolvidas no primeiro século, uma vez que naqueles tempos não havia o sentido eclesiástico que esses termos assumiram posteriormente, pois não se referiam a qualquer “posição clerical” em oposição ao “corpo laico”. Contudo, desde o principio indicavam ofícios e funções formais no seio da Igreja local e até entre congregações gentílicas.

Precisamos notar que o precedente do governo eclesiástico na Igreja tinha por modelo a sinagoga, que contava com vários oficiais, como se pode depreender de Mt 4:23 e Lc 4:33. Ora, Paulo, sendo judeu, naturalmente padronizou o corpo liderante das Igrejas cristãs locais segundo o estilo geral das sinagogas judaicas. Os líderes dessas sinagogas eram os “anciãos”, havendo em cada sinagoga vários deles, e não apenas um. Entre eles, como primeiro entre iguais, havia o “principal” da sinagoga (cf. Mc 4:22; At 13:15 e 18:8). Era este último quem supervisionava as reuniões de culto, mormente para certificar-se que as corretas tradições estavam sendo seguidas. Também havia um “assistente” (cf. Lc 4:20), que cuidava dos rolos, trazendo-os para serem lidos e castigando aos membros culpados com açoites, além de ter o dever de ensinar as crianças a ler. Também havia aquele que dispensava as esmolas (papel assumido pelos “diáconos” nas Igrejas locais cristãs), embora também fosse um líder espiritual. Finalmente, havia o “intérprete”, uma espécie de mestre-escola, cuja função era a de parafrasear os livros da lei e dos profetas, traduzindo-os para o aramaico vernáculo, que se tornou o idioma popular na Palestina após o exílio babilônico. Pode-se ver como, em termos gerais, a Igreja cristã tomou por modelo os oficiais das sinagogas judaicas.

 

3. GRAÇA E PAZ DA PARTE DO PAI E DO SENHOR JESUS

Esta parte da saudação é comum a todas as epístolas paulinas, e os seus elementos são normalmente inclusos novamente nas bênçãos finais. Segundo alguns estudiosos, podemos ver nessa saudação simples uma indicação sobre a maneira de viver, sobre certo ponto de vista da vida, como a própria antítese do secularismo moderno, que aflige tanto o mundo como a Igreja cristã da era moderna: a maneira cristã de viver, estabelecida desde a eternidade, de conformidade com nossa transformação segundo a imagem de Cristo, o que requer entrega absoluta do ser e da personalidade próprias a Deus, uma visão contínua da grandeza do chamamento cristão. Por isso é que somos “escravos” de Cristo Jesus e de Deus, nosso Pai. Isso requer a manutenção da relação a uma comunidade ímpar, a Igreja, “em Cristo”, todos os quais têm comunhão espiritual com o Senhor. Há também o dom do poder e do amor, a saber, da “graça”, que vem da parte de Deus, por intermédio de Cristo Jesus, em Quem recebemos todas as bênçãos espirituais vindas de Deus Pai.

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